Sem leitos na UTI, pacientes de Ribeirão com covid-19 têm que ser mandados para Jaboticabal

Com 98,2% de lotação, cidade registra maior ocupação de leitos de UTI; no fim de semana, paciente morreu à espera de leito

Desde sexta-feira, pelo menos três pacientes com covid-19 de Ribeirão Preto tiveram que ser enviados para a cidade de Jaboticabal. O motivo foi a falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em Ribeirão. Além disso, a família de um paciente afirma que ele morreu, no sábado (27), à espera de uma vaga em um leito de UTI na cidade.

Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (29) pela prefeitura de Ribeirão, a cidade tem 164 pessoas internadas em leitos de UTI. O percentual de ocupação de vagas, portanto, é de 98,02%, a maior já registrada no período de pandemia.

A reportagem do Grupo Thathi apurou, junto à Prefeitura de Jaboticabal, que, por conta da situação, pelo menos três pacientes de Ribeirão Preto tiveram que ser enviados para leitos de UTI na cidade. Jaboticabal recebeu, ainda, pacientes de outras cidades da região, como Barrinha e Pradópolis.

“Essa informação consta no boletim epidemiológico de Jaboticabal. Isso significa que está havendo uma migração dos pacientes. É uma vergonha para Ribeirão Preto”, afirma Domingos Alves, pesquisador ligado à Universidade de São Paulo (USP).

Dados

Ribeirão Preto registrou, nesta segunda-feira (29), mais uma morte por covid-19. Com isso, o total de óbitos chega a 144. São 4.746 casos confirmados de covid na cidade.

Em reportagens exclusivas feitas pelo Portal do Grupo Thathi, foi revelado que Ribeirão já sofre com a falta de profissionais para atender a demanda atual de pacientes nas UTIs. O superintendente do Hospital das Clínicas, Benedito Maciel, confirmou a informação. “Estamos tendo que chamar profissionais de outras áreas. Temos equipamentos, espaços e leitos, mas faltam profissionais”, afirmou.

Atualmente restrita aos leitos de UTI, a situação pode se complicar ainda mais nos próximos dias no tocante aos leitos de covid-19 na enfermaria. No Hospital das Clínicas, por exemplo, o total de leitos ocupados já superou os 83,3%. É, também, o índice mais alto desde o início da pandemia.

Por conta disso, inclusive, o Conselho Municipal de Saúde enviou uma carta ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB) na qual pede a decretação imediata de lockdown. A prefeitura disse que irá analisar o pedido.

Morte

Já a família do idoso é Jamil Ambar, 83, pode ser uma das primeiras vítimas dessa situação. Familiares afirmam que ele morreu à espera de uma vaga em UTI. Ele passou mal na sexta-feira no Lar Padre Euclides, onde mora. Ele foi diagnosticado com covid-19 e chegou a ser atendido no sábado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da 13 de Maio, mas morreu no local.

“Ele já estava bem mal, ofegante, mas teve que esperar a vaga na UTI. Infelizmente, quando saiu ele já tinha morrido”, disse Dayane Ambar, filha da vítima.

Em nota, o governo do Estado informou que o pedido para um leito de internação para Jamil foi feito no sábado pela manhã e encerrado pela prefeitura na tarde de sábado, devido à morte.

Procurada, a prefeitura não se manifestou, até o momento, sobre o caso de Jamil nem sobre o envio de pacientes a outras cidades.

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