Uso de máscara é importante mesmo para quem está vacinado, diz infectologista

Segundo ela, a ação da vacina diminui a chance de infecção grave e morte por Covid-19, mas, não impede a circulação do Sars-Cov-2

0
Reprodução/Rede social

Ao passo que a vacinação avança no Brasil, algumas dúvidas surgem na população com relação aos cuidados e protocolos que devem ser seguidos. Uma delas é o uso das máscaras. Mas, afinal, mesmo após ser vacinado ainda é preciso fazer uso do equipamento de proteção? A médica infectologista Silvia Fonseca, Diretora Nacional de Infectologia do Sistema Hapvida, que administra o Grupo São Francisco, é certeira na resposta: “Sim.”

Segundo ela, a ação da vacina diminui a chance de infecção grave e morte por Covid-19, mas, não impede a circulação do Sars-Cov-2. E, como há uma janela de vulnerabilidade entre a aplicação das doses da vacina e a resposta imunológica do corpo, a indicação dos especialistas é manter todos os protocolos de saúde, como o uso de máscara, distanciamento social e higienização constante das mãos.

“O experimento realizado no município de Serrana (SP), que vacinou toda a população adulta maior de 18 anos, mostrou que a partir de 75% das pessoas vacinadas com as duas doses houve diminuição significativa nos óbitos e casos graves. Mas, o vírus ainda circula, mesmo que em menor proporção. Então, as pessoas podem ter uma infecção mais leve, mas podem transmitir para alguém que ainda não tenha sido imunizado, seguindo com o problema da Covid-19”, explica Sílvia Fonseca.

Por isso, usar a máscara e manter todos os cuidados é muito importante. E para que tudo volte mais próximo ao normal é preciso que a maior parte da população já tenha recebido todas as doses da vacina. “Ninguém está imunizado com uma dose só. Desta forma, a pessoa que tomou apenas uma dose da vacina pode, inclusive, ter a forma grave da Covid-19 e evoluir para óbito. Por isso, a máscara deve ser usada enquanto tiver a circulação do vírus”, reforça.

Números em alta

A Diretora Nacional de Infectologia do Sistema Hapvida explica ainda que os números de casos estão em alta. “Enquanto o vírus continuar circulando e tivermos tantos casos graves que precisem de leitos hospitalares, e a vacinação com as duas doses não atingir a maioria da população, teremos que seguir com o uso de máscara e o distanciamento social”, reforça.

Por isso, Sílvia Fonseca garante que o recado para a população é muito simples. “Precisamos parar com a disseminação do vírus e isso só vai acontecer quando todo mundo estiver vacinado. Podemos frear a transmissão usando máscara, mantendo o distanciamento social e fazendo a higienização das mãos o tempo todo, independente de já ter tomado vacina ou não. Isso podemos e devemos fazer, pois não é o momento de relaxar”, afirma.

Imunidade e redução de internações

Alguns países já estão anunciando a não obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos. Sobre isso, Sílvia Fonseca diz que são locais em que o número de pessoas vacinadas já alcançou uma porcentagem satisfatória e também tiveram uma redução drástica no número de internados, casos graves e mortes.

De acordo com ela, a situação no Brasil é muito diferente, principalmente no interior de São Paulo onde há um número elevado de internações e de casos graves, saturando o sistema de Saúde. “Assim, estamos longe de tirar as máscaras. Não podemos parar de usá-las, não podemos aglomerar ou nos descuidar, porque o vírus está circulando com força total”, conclui.