Vídeo | Abre e fecha do comércio frustra lojistas de Ribeirão Preto

Lojas abriram em 01 de junho e já estarão fechadas novamente partir da próxima segunda (15). Comerciantes lamentam a decisão.

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Junho começou com uma boa notícia para comerciantes e para clientes que aguardavam com muita ansiedade pela reabertura do comércio. Mas os números dos últimos dias fizeram o governo estadual mais uma vez fechar o comércio na tentativa de frear a disseminação da pandemia de Covid-19.

Lídia Mussi Leão é proprietária de duas lojas de produtos artesanais em Ribeirão Preto e para a reabertura em 01 de junho, ela investiu cerca de $5 mil reais. As lojas ganharam placas de acrílico para fazer divisões nos balcões de atendimento, nas entradas foram instalados suportes de álcool em gel e funcionários receberam máscaras. Nem houve tempo de começar a recuperar o prejuízo com os dias de loja fechada e pelo investimento realizado. Amanhã, a loja voltará a fechar.

“Eu acho muito difícil esta situação de abre e fecha. As empresas tentaram cuidar ao máximo dos seus funcionários e clientes, não deixando entrar sem máscara e controlando o número de pessoas. Mas acho que este horário reduzido de 4 horas foi um grande problema”, afirma a empresária.

Ela ainda questiona a forma como as decisões sobre o funcionamento do comércio são tomadas. “As normas são ditadas por cima, de quem não convive no comércio, vem de pessoas que estão dentro dos gabinetes e determinam regras”, afirma Lídia Mussi Leão. Como exemplo, ela cita o sistema drive thru adotado para que o comércio não fique totalmente fechado.

“O drive thru considera que só as pessoas de carro podem comprar. Quem não tem carro não pode comprar. Quem anda de ônibus, não pode comprar. Ficou muito elitista”, finaliza a comerciante.

Esta também é a realidade de outros comerciantes da cidade. William Abduch, comerciante no Jardim Paulista, disse que nos poucos dias de loja reaberta, teve movimento mas que não deu tempo de recuperar nada do prejuízo e se mostrou muito indignado com a decisão de voltar a fechar as portas.

“Acho um absurdo porque a gente do comércio agiu certinho. Gastei dinheiro com aparelhos de gel, monitoramos pessoal com máscaras, cumprimos horário estabelecido. Tá parecendo que só o comércio passa Covid. O banco, o supermercado, não passa? Não deveria punir o comércio” comenta o comerciante.

Ele ainda faz um desabafo: “Pra mim fechar o comércio foi um exagero. É uma frustração muito grande esta decisão. Vai prejudicar muita gente”.

Quem trabalha no shopping, também demonstra frustração. Ricardo Abrahão tem uma loja em um dos shoppings na cidade e não poupou críticas. “Horrível esse vai e volta. Todos lojistas estão decepcionados tanto com o governo estadual, tanto com o governo municipal. O horário que o shopping abriu foi muito ruim. Tivemos vendas, mas não para pagar os custos da loja ou os custos com funcionários. Apenas 4 horas aberto por dia não é suficiente para pagar conta nenhuma” afirma o lojista.

Ele ainda questiona a padronização das regras para o comércio, alegando que os shoppings poderiam ter um protocolo diferenciado.

“Aqui, dentro do shopping, não víamos aquela “muvuca” que chegamos a ver no centro, tanto porque as entradas são controladas, há álcool em gel em vários pontos, seguranças medindo a temperatura dos clientes. Também as lojas estavam atendendo apenas uma pessoa por família, e com quantidade restrita de pessoas dentro das lojas. A política de abertura do comércio, deveria ser diferente para lojas de rua e shoppings porque são públicos diferentes, necessidades diferentes e principalmente, controle e organização totalmente diferentes do comércio de rua”, explicou.

Os clientes, que lotaram o comércio, principalmente o Calçadão de Ribeirão, também comentaram a decisão de fechamento.

Confira a opinião da população no vídeo a seguir:

Quarentena mais restritiva

O Plano São Paulo, de retomada gradual das atividades econômicas no Estado, foi atualizado na última quarta (10), quando o governador João Doria (PSDB) anunciou que Ribeirão Preto voltaria para a fase 1 (vermelha). Por isto, a partir da próxima segunda (15), estarão fechados o comércio de rua, shoppings, concessionárias, imobiliárias e escritórios.

A quarentena está prorrogada até 28 de junho.

Crescimento dos casos

Quando o comércio reabriu em 01 de junho, a cidade tinha 1217 casos confirmados e 27 mortes.

No boletim divulgado ontem (11) pela secretaria municipal de saúde eram 2139 confirmações e 53 mortes. Neste período também aumentou a taxa de ocupação dos leitos nos hospitais.