Uma pesquisa interna realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Ribeirão Preto apontou que empresas cujos trabalhadores são mais dependentes do transporte coletivo tiveram maior número de afastamentos por Covid-19.
O levantamento foi feito com base nas respostas de 29 indústrias, de Ribeirão Preto e seis cidades da região, a um questionário aplicado internamente na sexta-feira (19).
Em 19 empresas, menos de 5% dos trabalhadores dependem do transporte coletivo. Dessas, 11 não tiveram sequer 2% de seus funcionários afastados desde o início da pandemia, sendo que em apenas cinco indústrias desse grupo os afastamentos ficaram entre 6% e 10%.
Já entre as nove empresas onde o percentual de pessoas que usam o transporte coletivo variou entre 6% e 30%, a taxa de afastamento ficou acima de 6% em todas. Quatro delas registraram contágio acima de 10%.
“Embora não tenha rigor metodológico, essa pesquisa indica claramente uma correlação entre o uso do transporte coletivo e o nível de contágio entre os trabalhadores da indústria, o que reforça o nosso apelo para que o poder público tome medidas emergenciais que garantam a segurança sanitária nos ônibus”, afirma Guilherme Feitosa, diretor titular do Ciesp.
Ribeirão 2030
A situação de transporte coletivo também preocupa o Instituto Ribeirão 2030, que enviou na semana passada ofício a todos os vereadores cobrando atenção ao tema. Levantamento feito pela entidade verificou que, em fevereiro, 17 usuários de diversas linhas e dias reclamaram oficialmente na Transerp sobre a superlotação de ônibus.
“Isso é apenas um extrato, pois uma parcela ínfima formaliza reclamação. É uma situação que não pode ser mais tolerada, com riscos diretos à saúde individual e coletiva da população. E, indiretos, à economia, tendo em vista que com a pandemia fora de controle serão impostas medidas de fechamento total ou parcial dos setores produtivos”, afirma Eduardo Amorim, presidente do Instituto Ribeirão 2030.
A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), desde o início da pandemia, também se posicionou diversas vezes pedindo maior segurança ao transporte coletivo.
“Sabemos que é uma questão complexa e por isso ela exige mais vontade política, estratégia e investimentos. O próprio governo do estado já sugeriu a adoção de horários diferenciados para cada setor como indústria, comércio e serviços (…) infelizmente, não vemos o poder público se dedicar a resolvê-lo da mesma forma que se dedica às restrições ao setor produtivo”, afirma Dorival Balbino, presidente da Acirp.
Outro lado
A reportagem enviou a pesquisa para a prefeitura de Ribeirão Preto, questionando sobre as políticas públicas do setor, e também o Prourbano, sobre as medidas adotadas para garantir a segurança dos passageiros. Até o momento, não houve retorno. Assim que houver, a matéria será atualizada.