Ribeirão Preto registra um caso de câncer de mama a cada 60 horas

Foto: Divulgação

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é um dos cânceres que mais atinge as mulheres no Brasil – com quase 30% de todos os casos – e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.  

Só em Ribeirão Preto, em 2019, foram confirmados, em média, 144 casos da doença na população feminina, o que equivale a um caso a cada 60 horas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, com informações do Programa de Assistência Integral à saúde da Mulher.  

Neste ano, até o momento, foram sete casos confirmados no serviço público de saúde e 15 suspeitos (mulheres que realizaram mamografia, apresentaram alteração e estão aguardando conclusão diagnóstica).

 No entanto, a Secretaria de Saúde ressalta que esses números podem ser maiores, uma vez que, por conta da pandemia, a cobertura do rastreamento mamográfico (principal aliado na identificação precoce do câncer de mama) sofreu uma diminuição.  

Dito isso, os especialistas fazem um alerta para as mulheres sobre a importância de realizar os exames que detectam o câncer de mama – a exemplo da mamografia – para um diagnóstico precoce.  

De acordo com o mastologista e docente do curso de Medicina do Centro Universitário Barão de Mauá Guilherme Luna Martinez, a faixa etária mais prevalente do câncer de mama é dos 50 aos 70 anos, porém ele pode surgir em outras idades. 

“A idade é o fator de risco mais importante. Então, quanto mais idosa, mais riscos se tem de câncer de mama”, comenta.  

Por isso, o especialista ressalta para a importância da realização da mamografia periodicamente e o autoconhecimento da mama por parte da paciente. 

 “Ao invés de a mulher ficar se apalpando toda semana no banho, ela deve conhecer a mama dela, saber onde há mais pontos endurecidos e amolecidos. Se sentir alguma coisa, ela deve se palpar para ver se o local está semelhante ao que ela conhece. Caso não esteja, ela deve procurar um médico”, explica.  

Sintomas do câncer de mama 

Segundo Guilherme, geralmente, o câncer de mama não apresenta sintomas nas fases iniciais. Um primeiro sintoma seria o nódulo palpável, mas o mastologista ressalta que a mulher não deve esperar o nódulo aparecer para procurar ajuda médica.  

“A visita ao médico anualmente é interessante e, obviamente, a mamografia realizada após os 40 anos de forma anual é o método que mais detecta o câncer de mama”, diz.  

Nos casos mais graves, o mastologista explica que a mama pode ficar avermelhada, a pele espessada, podendo sair sangue da mama.  

 Diagnóstico precoce 

É devido à agressividade da doença – quando não tratada – que a ginecologista e, também, docente do curso de Medicina da Barão Cleusa Cascaes Dias ressalta a importância do diagnóstico precoce por meio dos exames de imagem, como a mamografia.  

“O fato de nascer mulher já nos coloca em risco para desenvolver este câncer, mesmo sem história familiar ou outros fatores de risco relacionados. Isso significa que todas as mulheres devem fazer o rastreamento de rotina. A chance de cura é muito alta quando o câncer de mama é diagnosticado precocemente”, afirma. 

 Fatores de risco  

Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, Cleusa menciona: idade maior do que 50 anos de idade, casos de câncer na família (principalmente mãe e irmã diagnosticadas), ocorrência da primeira menstruação antes dos 12 anos, ocorrência da menopausa após os 55 anos, nunca ter engravidado ou ter engravidado somente após os 30 anos, não ter amamentado, ter hábito de vida sedentária, consumo excessivo de álcool, obesidade, mamas densas e uso de terapia de reposição hormonal por mais de cinco anos.  

No entanto, a ginecologista ressalta que o fato de apresentar um ou mais fatores de risco não significa necessariamente que a mulher terá câncer de mama. Por outro lado, a doença não deve ser negligenciada, porque também pode ocorrer em mulheres sem fatores de risco. 

A grande maioria das mulheres com de câncer de mama não tem história familiar da doença. E onde há ocorrência familiar, com várias gerações acometidas tanto pelo câncer de mama como pelo de ovário, está indicada a pesquisa para detecção de mutação gênica”, diz.  

Câncer de mama em mulheres jovens 

Apesar de ser mais frequente em mulheres com mais de 50 anos, o câncer de mama também pode atingir mulheres mais jovens e, muitas vezes, ser mais agressivo.  

Isso pode acontecer, porque nos casos de câncer de mama em pacientes jovens, muitas vezes, o diagnóstico é realizado em fases mais avançadas da doença, o que implica em menor resposta ao tratamento. 

“As mulheres jovens diagnosticadas com a doença têm maior probabilidade de serem portadoras de uma mutação gênica, denominada BRCA1 ou BRCA2. É importante ressaltar que as mulheres jovens que apresentam fatores de risco associados à doença devem fazer um acompanhamento regular com o mastologista”, finaliza.   

Suporte emocional 

O psicólogo e docente do curso de Psicologia, também da Barão, Felipe Areco ressalta a importância do apoio da família e dos amigos para a paciente no momento do descobrimento da doença até as etapas finais do tratamento.  

“É um ponto importante para que a família e os amigos possam se aproximar da paciente sem julgamentos e entender os momentos em que ela está entristecida. Procurar sempre estar por perto e entender que isso é um processo doloroso, porque – muitas vezes – a gente não espera por isso. Esperar por uma doença não está em uma programação”, explica.  

O psicólogo também fala sobre os preconceitos e tabus que afetam os pacientes e fazem o diagnóstico e tratamento serem mais dolorosos. “Quando se diz a própria palavra câncer, a gente encontra muitas pessoas que não gostam nem de falar a palavra e preferem dizer aquela doença”.  

É por isso que Areco ressalta a importância de um acompanhamento psicológico e, claro, o apoio dos entes. “A família, os amigos e o acompanhamento psicológico são fundamentais nesse momento”, finaliza.  

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