Idosos são as principais vítimas da Covid-19 e eles merecem atenção redobrada durante a pandemia

Eles formam o grupo que corre maior risco de desenvolver complicações do novo coronavírus. Em Ribeirão Preto, a cada 100 mortes, 83 são de pessoas acima dos 60 anos.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 80% da população será vítima da Covid-19, porém, a maioria deve apresentar apenas sintomas leves. Mas a situação muda quando o assunto é a terceira idade. Este índice sobe para 8% em pacientes de 70 a 79 anos e chega a 15% em maiores de 80. Isto é o que diz um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China. Desta forma, a terceira idade é considerada grupo de risco.

Para evitar a contaminação deste grupo, o geriatra Wilson Roberto Picco Junior reforça a necessidade de prevenção. “Isolamento é necessário. A prevenção é a melhor forma de atuar. Como grupo de risco, é preciso evitar que estes pacientes tenham infecções”, diz o médico.

Há casos de idosos que mesmo mantendo o isolamento e saindo de casa apenas em situações de emergência, eles acabam tendo contato com familiares e seus cuidadores. “Muitas vezes a gente vê pacientes que tem feito o isolamento adequado mas os profissionais, pela mobilidade que necessitam, pelo próprio trabalho, acabam mantendo este maior risco” alerta o geriatra. Neste caso é preciso redobrar a atenção mesmo estando em casa, orientando ao profissional que use a máscara e reforçando a higienização das mãos. Este alerta também vale para os avós que cuidam dos netos. “Muitas vezes os familiares e crianças vão ter um desenvolvimento assintomático e infelizmente os idosos podem ter um desenvolvimento da doença mais desfavorável”, completa.

“É preciso saber que a doença existe, que ela precisa ser prevenida e que infelizmente os idosos tendem a ter um desfecho pior”, diz Wilson Roberto Picco Junior, geriatra

Um outro alerta muito importante é em relação às consultas. Os idosos não devem cancelar as visitas ao médico porque manter o tratamento é fundamental. “As pessoas acabam tendo medo de procurar um profissional da saúde na pandemia e doenças graves acabam sendo negligenciadas neste momento. Isto pode acabar causando um impacto sobre ele”, alerta o geriatra. Ele ainda informa que os riscos de uma ida ao consultório são bem menores que ao hospital. “O consultório tem sempre um risco muito menor, neste momento, que o hospital, de infecção. Então sempre estas intervenções preventivas vão ser mais importantes que um momento de internação não desejada”, complementa.

Esse medo do idosos e de seus familiares podem explicar a queda no número de infartos. “A gente tem muita dúvida se os infartos estão diminuindo neste momento. Provavelmente não. Talvez estejam sendo negligenciados estes tipos de sintomas”, afirma o médico. Ele garante que este tipo de atitude pode ser muito perigosa e complementa: “Então, estes sintomas mais graves, como dor no peito, alguma falta de ar, dor intensa, ainda precisam ser investigadas. A procura pelo pronto atendimento é importante porque em algumas vezes o risco dessas doenças pode ser mais grave que o risco de contrair a Covid”.

Para quem ainda assim não está confortável para manter os tratamentos presenciais, existe a alternativa da telemedicina. “A gente pode lançar mão da vídeo-chamada. Neste momento tem resoluções do Conselho Regional de Medicina que nos permitem fazer atendimento por vídeo e aí o médico vai avaliar melhor se o atendimento pode ser feito só por esta modalidade ou se precisa do atendimento em consultório”, explica Picco Junior.

O geriatra ainda aconselha que familiares e profissionais da saúde que estão em contatos com os idosos atentem-se às questões emocionais. Ele lembra que no decorrer do tempo, vivendo com o medo da doença e com o isolamento, é possível que o idoso desenvolva traumas psicológicos e traumas emocionais.

Casos de óbitos entre idosos em Ribeirão Preto

Segundo o boletim que a prefeitura de Ribeirão Preto divulga diariamente, as principais vítimas da Covid-19 na cidade fazem parte do grupo de risco. Das 310 mortes registradas até a tarde de ontem (23), 258 casos foram de pessoas acima de 60 anos, ou seja, 83,22 dos casos.