Com UTIs lotadas, interior de SP vive pior fase da pandemia, diz levantamento

Para especialista, região enfrenta colapso no sistema de saúde pior do que o registrado no início da pandemia, no ano passado

País chegou a 20.776.870 pessoas infectadas desde o início da pandemia Foto: Freepik

O interior do estado de São Paulo vive o pior momento da pandemia, no que diz respeito à ocupação em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), aponta levantamento. De acordo com os dados, na região, mais de 5,2 mil pessoas estavam internadas, no dia 13 de junho. O número é o maior registrado na região desde o início da pandemia.

O levantamento – feito pela UOL com base em dados da plataforma de monitoramento Info Tracker, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) – analisou as taxas de ocupação nos 15 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do estado e descobriu que 11 deles registraram recorde de internações durante o mês de junho.  

Entre os dias 2 e 15 deste mês, quatro das DRSs registraram ocupação acima de 90%, são elas: Marília, com 94,4%, São João da Boa Vista, 93,6%, Presidente Prudente, 93,5% e Ribeirão Preto, 93,2%. Enquanto isso, outras sete apresentaram índices acima de 80%, foram: Bauru, 89,9%, Piracicaba, 89,4%, São José do Rio Preto, 89,4%, Sorocaba, 89,4%, Franca, 87,7%, Araraquara, 86,7% e Taubaté, 80,1%.

Taxas que, para o professor Domingos Alves, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, demonstram que a região enfrenta um colapso no sistema de saúde. “Esses números de novos casos e internações vem aumentando já há algum tempo, com várias dessas regiões batendo recortes com relação ao início da pandemia, o que indica que a tendência em toda essa região é que o número de internações em UTI venha a aumentar até o final de junho”, analisa.

Domingos diz ainda que o colapso vivido pelo estado de São Paulo é ainda pior do que o vivido no ano passado. Cita dados do portal de transparência dos Cartórios de Registro Civil, que mostrou que em 2020, “nós tivemos 1.526 óbitos de pessoas fora do ambiente hospitalar. Só para se ter uma ideia, esse número, para esses seis meses de 2021, já é de 2577 pessoas que morreram de Covid-19 fora do ambiente hospitalar. Boa parte desse volume morreu por falta de atendimento na fila de espera”, afirma. 

Alerta

Domingos afirma ainda que os números são um alerta para que as regiões adotem medidas restritivas eficazes para o enfrentamento da Covid-19, como lockdown de 15 dias, com testagem em massa e rastreamento do contágio. “O cenário é de colapso do sistema e, para essas regiões, a implementação de uma situação de emergência, com um lockdown completo, é urgente. Caso isso não seja feito, já para as próximas duas semanas, nós vamos ver a exacerbação desse colapso”, diz. 

Com aumento nas taxas de ocupação e com a circulação de pessoas e, consequentemente da transmissão do vírus, o professor prevê que o sistema terá “dificuldades de receber e atender pessoas para serem internadas,  que deve ampliar o aumento na fila de espera por leitos, fenômeno que já tem ocorrido em algumas dessas regiões”.

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