Antisséptico bucal desenvolvido na USP inativa 96% da proliferação do Covid

Estudos foram coordenados por pesquisadores da USP de Bauru e inovação já chegou ao mercado

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USP de Bauru, pólo de pesquisas na área da Odontologia - Foto: Divulgação

Cientistas de instituições nacionais anunciaram a criação de uma fórmula de antisséptico bucal capaz de inativar em 96% a proliferação do novo coronavírus nas vias aéreas superiores. A fórmula é baseada na tecnologia Phtalox, um composto criado inicialmente para o tratamento do mau hálito e melhorar a saúde da gengiva.

O estudo foi realizado por quatro instituições públicas – Faculdade de Odontologia (FOB) da USP em Bauru (SP), Instituto de Ciências Biológicas da USP, Universidade Estadual de Londrina (PR) e Instituto Federal do Paraná, em parceria com o Centro de Pesquisa e Inovação da empresa DentalClean.

Ele é coordenado pelo cirurgião-dentista, sanitarista e pesquisador da USP Fabiano Vieira Vilhena e contou com o envolvimento de 60 especialistas. As pesquisas foram registradas na plataforma Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos e na Organização Mundial de Saúde (OMS).

Batizado de Detox Pro, o produto foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já está sendo produzido em larga escala. “Para o primeiro trimestre de 2021, a estimativa de produção é de mais de 12 milhões de unidades nas categorias antisséptico, spray e gel dental”, completou Castro. Conforme o aumento da demanda, a produção poderá ser aumentada. Para o desenvolvimento e pesquisa do produto foram investidos R$ 10 milhões.

Confirma matéria sobre o assunto feita pela TV Unesp:

Sistema

De acordo com Fabiano Vilhena, o antisséptico foi desenvolvido a partir da tecnologia Phtalox, um pigmento especialmente desenvolvido que promove a formação de oxigênio reativo a partir do oxigênio molecular, sendo capaz de inativar o vírus da Covid-19 na boca. Para chegar a esse resultado, foram feitas seis etapas de estudos, envolvendo 107 pessoas.

Outras pesquisas ainda estão previstas, envolvendo 2,1 mil indivíduos, para evoluir mais atributos que o antisséptico bucal pode proporcionar. Segundo os pesquisadores, logo no primeiro mês foi confirmada a ação virucida do produto, que, de uma fórmula fabricada para doenças gengivais, foi redirecionada para verificar sua eficácia na prevenção da transmissão do coronavírus.

Sem cura

Os cientistas ressaltam, contudo, que o antisséptico não se trata de uma cura, mas de uma prevenção contra a infecção causada pelo novo coronavírus. “Inativar a transmissão do vírus da Covid-19 nas vias aéreas superiores do corpo humano é uma das formas mais eficazes de não avançar a doença para as vias respiratórias inferiores”, esclareceram os pesquisadores no estudo. “O antisséptico é capaz de bloquear o vírus na cavidade oral (região da boca), impedindo-o que ganhe forças e avance para o restante do organismo”.

Ainda de acordo com os pesquisadores, o produto poderá ser utilizado no dia a dia, fazendo parte dos cuidados com a saúde bucal. Por meio do bochecho e do gargarejo com o antisséptico, a solução tem a possibilidade de reduzir o vírus que pode ter entrado pelo nariz ou pela boca, revelou o professor de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da FOB, Paulo Sergio da Silva Santos. O produto foi ainda testado no tecido de máscaras, onde também foi comprovada a redução da carga viral em 98,75%.