Mais do que projetos, o destaque da sessão desta terça-feira (5) do Legislativo de Ribeirão preto foi a reunião, que durou quase uma hora, de vereadores do chamado Grupo dos 17. O assunto era a eleição da Mesa Diretora para o ano de 2020. Entre gritos, socos na mesa e bate boca, sacramentou-se a certeza: a candidatura de Fabiano Guimarães (DEM) foi velada e enterrada. Lincoln Fernandes (PDT), atual presidente da Casa, é o favorito para mais um ano de mandato.
Berros e ânimos exaltados foram a tônica da reunião que definiu a vitória do grupo que se opunha a Guimarães. Um vereador, no plenário, sintetizou o que acontecia nos bastidores. “Não gosto de briga. Mas era tanta gritaria, que acabei passando rapidamente pelo local e vim ao plenário”. Ele conta que não quis acompanhar os debates. “Não era comigo, mas falaram poucas e boas para o Fabiano”, disse.
Alessandro Maraca (MDB), que participou da reunião, também se expressou sobre o assunto. “A reunião foi briga, briga, briga. Mas nenhum nome”, declarou. Orlando Pesoti (PDT) foi mais incisivo. “Teve tudo, teve soco na mesa, café voando”, declarou.
Contrariando as falas oficiais, depois de quase uma hora de reunião, Guimarães voltou ao plenário. Falando insistentemente ao celular e cabisbaixo, era perceptível no semblante do parlamentar a derrota. Ele não quis falar com a imprensa sobre a eleição da Mesa Diretora, nem sobre detalhes da reunião, mas considerou o encontro “muito bom”. Nas palavras do vereador, deu pra saber exatamente “quem é quem” no grupo dos 17.
Publicamente, entretanto, os articuladores do Legislativo dizem que não irão comentar o caso. Parte da estratégia para deixar o assunto esfriar. Nessa linha se pronunciaram André Trindade (DEM), Lincoln Fernandes e Isaac Antunes (PL).
Anéis e dedos
Vão-se os anéis, entretanto, mas ficam os dedos. O grupo, ao que parece, está rachado, mas ainda segue forte e deverá indicar o próximo presidente da Casa. Lincoln Fernandes, com os apoios declarados, desponta como principal nome para continuar a comandar a Casa de Leis. Tem apoio do funcionários e de vereadores. Segundo apurado pela reportagem do Grupo Thathi, Fabiano tem, hoje, chance de conseguir 13 dos 27 votos. Lincoln, nome que surge forte, teria 14 votos. “Esse é o cenário atual na Câmara”, declarou Jean Corauci (PDT), outro que esteve na reunião.
Oficialmente, Lincoln não comenta. “É muito cedo para falar em eleições. Qualquer eleição”, disse. Nos bastidores, entretanto, articulou, articulou, articulou e parece ter conseguido seu objetivo. O martelo, entretanto, não está batido. Outros podem ficar com a vaga. De concreto, só há quem não a ocupará.
Articulador
Entre o nascimento e o sepultamento da candidatura de Guimarães, Isaac Antunes pode ser considerado o grande cérebro por trás da implosão da candidatura. Articulador como poucos no atual Legislativo, minou de todas as formas a candidatura do democrata. Teve como fiel escudeiro Rodrigo Simões (PDT). De prático, conseguiram uma vitória política importante.
“Isso tudo foi articulado pelo Rodrigo e pelo Isaac. Mostra uma força imensa dos dois dentro do Legislativo. Ambos aproveitaram um racha e uma rejeição ao Fabiano e conseguiram ocupar um espaço importante”, declarou um parlamentar, que pediu anonimato.
Modesto, Isaac minimiza seu papel. “Não sou candidato, sou só um vereador. Tem muitos articuladores brilhantes aqui no Legislativo”, disse.
Otoniel e a vergonha
Por sinal, o momento vergonha alheia da sessão foi o comando da sessão por parte de Otoniel Lima (PRB). O vereador, com os direitos políticos suspensos, aguarda a notificação da Câmara para deixar o cargo. Mas parece que não há muita pressa. Quem sabe até o ano que vem? Enquanto isso, o Legislativo segue submetido à vergonha de ter um condenado por improbidade comandando as sessões e compondo a Mesa Diretora.
Questionado, o presidente Lincoln Fernandes disse que aguarda a notificação e que o processo segue o trâmite normal de citação do Judiciário. “Não podemos fazer nada sem que o trâmite seja seguido”, disse.
Projetos
Entre os projetos, veto do prefeito Duarte Nogueira ao projeto de autoria de Marcos Papa (Rede) que determinava a obrigatoriedade de higienização e controle de pragas nos veículos usados pela administração. A justificativa é que a proposta deveria ser de autoria do prefeito.
Destaque também para a proposta de Papa que determina que todas as audiências públicas tenham transmissão ao vivo. “É uma medida que favorece a transparência e possibilita maior controle da população, além de favorecer o debate”, conta.