Operação Kleptos mira participação do PCC na eleição em Ribeirão

Mandados de prisão foram cumpridos; advogado de Ribeirão é acusado de ter apoio do PCC

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Coletiva realizada pelo Ministério Público - Foto: Divulgação

Na manhã desta segunda-feira (9), o Ministério Público (MP) de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e a Corregedoria da Polícia Militar deflagraram, a Operação Kleptos. O objetivo foi cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes da maior facção criminosa do país, o PCC, além de realizar busca e apreensão de documentos de um advogado criminal candidato a vereador na cidade Ribeirão Preto e policiais militares suspeitos de relacionamento com faccionados.

Participam da operação oito promotores de Justiça, quatro agentes do Ministério Público, mais de 100 policiais militares e 25 viaturas, dos quais 76 policiais do 3º BPChoque em 19 viaturas e 28 policiais da Corregedoria em seis viaturas.

Houve expedição de 13 mandados de busca e sete mandados de prisão pela 3ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, três de busca pela Justiça Eleitoral da 108º Zona Eleitoral de Ribeirão Preto e mais três de busca pelo Tribunal de Justiça Militar. Os mandados foram cumpridos em Ribeirão Preto, com a exceção de dois mandados de busca, cumpridos em Morro Agudo. Cinco pessoas foram presas, dentre elas uma mulher conhecida como “mãe do crime”, tida como uma das fundadoras da facção na região de Ribeirão Preto. Dois investigados permanecem foragidos: Luma Valeria Rovagnollo (“Bela” ou “Penélope”) e Wesley Apdo Eugênio Silva (“Das trevas”).

Uma pessoa foi presa em flagrante delito por tráfico de drogas, sendo apresentado na Delegacia de Polícia (Central de Polícia Judiciária de Ribeirão Preto). As investigações revelaram, inicialmente, atuação de integrantes do crime organizado na cidade, atuantes no tráfico de drogas, que mantiveram contato com policiais militares suspeitos de beneficiarem presos em flagrante em troca de pedidos de armas e drogas.

Relacionamento

Posteriormente, próximo das eleições municipais, foi revelado relacionamento entre integrantes do crime organizado e um advogado criminal que já atuou na defesa de lideranças da facção, atual candidato a vereador em Ribeirão Preto. O investigado é Renan Bertolato (PP) e, de acordo com as autoridades, integrantes da facção criminosa – alvos da operação – estariam impulsionando a candidatura do advogado, inclusive em redes sociais.

Descobriu-se, igualmente, que outra mulher, já processada pelo Gaeco por associação ao PCC em 2012, tentou concorrer à vereadora, também em Ribeirão Preto, utilizando slogan similar ao lema da facção criminosa: “Paz, Justiça e Liberdade”.

Não foram pedidas medidas contra a mulher, pois o registro de sua candidatura foi indeferido pela Justiça Eleitoral. Comunicadas dos fatos, as Justiças Militar (Tribunal de Justiça Militar) e Eleitoral prosseguiram no exame dos casos, expedindo os mandados de busca cumpridos simultaneamente com aqueles expedidos pela Justiça Criminal comum na presente data.

Buscas

Durante as buscas foram apreendidas drogas – maconha, cocaína e centenas de pinos para embalagem -, armas brancas, veículos, equipamentos eletrônicos e documentos, inclusive material de campanha.

Os veículos apreendidos poderão ser alienados, e os valores, revertidos para utilização no combate ao tráfico e às organizações criminosas.

O MP tem 30 dias para encerrar as investigações, ouvindo os presos e examinando os materiais apreendidos, e apresentar as denúncias perante a Justiça Pública. Os investigados podem responder por crimes de organização criminosa armada (4, 5 a 12 anos de pena), tráfico de drogas (5 a 15 anos de pena), associação ao tráfico (3 a 10 anos de pena) e corrupção ativa (mais de 2 a 8 anos de pena).