Jovem tem empreendimento pichado com expressões racistas em Araraquara

“A gente vê isso acontecendo sempre, mas nunca imagina que será o alvo. A ficha ainda não caiu”, diz Bruno Theodoro de 33 anos, dono do estabelecimento

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Foto: Rede Social

O empresário Bruno Theodoro, 33, foi alvo de racismo após ter seu empreendimento comercial pichado com as palavras “macaco” e “senzala”, nesta quarta-feira (11), no centro de Araraquara.

O fato foi divulgado nas redes sociais. “Até quando nós negros vamos passar por isso? Não consigo entender como em pleno século XXI ainda existam pessoas com essa mentalidade!!! Se a ideia foi nos diminuir, deu errado. Isso vai nos tornar mais fortes. TEMOS ORGULHO DA NOSSA COR E DA NOSSA HISTÓRIA”, diz o texto publicado.

Os responsáveis ainda não foram identificados e não houve registro da ocorrência na polícia. Contudo, o Ministério Público pode apurar o caso, por se tratar de um crime em que está prevista uma ação civil pública incondicionada, ou seja, não depende da representação da vítima para que a denúncia seja oferecida.

A reportagem da Thathi conversou com Theodoro. Ao ser questionado sobre o acontecido, disse que vive o racismo diariamente. Mas nunca imaginou que poderia acontecer de maneira tão escancarada.

“Nós vemos isso acontecendo sempre, mas nunca imagina que será o alvo. A ficha ainda não caiu. Nunca tinha ocorrido comigo tão explicitamente, as vezes as pessoas desviam na rua, não olham no meu olho, mas dessa maneira foi a primeira vez”, disse o empresário.

O fato

O estabelecimento tem o costume de se posicionar diante de questões políticas. Na sua fachada, por exemplo, há um cartaz escrito “vidas negras importam”. Além disso, durante uma época, o rapaz chegou, também, a entregar biscoitos e, junto aos alimentos, vinha um recado, na qual pedia a saída do presidente Jair Bolsonaro.

“Por causa dos biscoitos, as pessoas começaram a avaliar mal nosso empreendimento nos aplicativos. Além das notas baixas, nos xingavam e diziam que íamos falir. Eles também perguntavam como um empresário pode se manifestar dessa maneira. O mundo está muito polarizado”, afirmou Bruno.

Momentos antes do fato ocorrer nesta quarta, o rapaz não tinha tido nenhum desentendimento. Até então, acostumado a encerrar as atividades às 23h, foram até aproximadamente uma hora mais tarde. Quando se deparou com a cena, a reação imediata, acompanhada da decepção, foi de começar a limpar a fachada.

Quando indagado sobre como se sentia, ele disse ter uma base forte e agradece ao apoio que vem recebendo na internet.

“Eu tenho uma base muito forte, sei que o racismo existe, mas não posso deixar isso me abater. De início a gente fica chateado. O apoio está sendo gratificante, recebo muitas mensagens”, finaliza.