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Onda dos “retro games” está cada vez mais forte no Brasil

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Onda dos “retro games” está cada vez mais forte no Brasil

Não dá pra negar o quanto a indústria de games evoluiu. Estamos a caminho da nona geração de consoles, o salto na qualidade dos gráficos avança em uma velocidade absurda e a realidade virtual deixou de ser coisa só de filmes de ficção científica. Mas mesmo com todos os avanços na tecnologia, a verdade é que os jogos clássicos nunca perderão seu charme. E eu posso garantir para vocês que isso não é só nostalgia minha, ou um sinal da idade.

Em maio cobri o Festival Retro Games Brasil, em São Paulo, e o evento deu uma boa ideia de como a onda dos retro games não é nem um pouco passageira. Máquinas de fliperama originais, campeonatos, muita coisa para comprar, consoles antigos para jogar e vários convidados que fizeram parte da história da indústria no Brasil, seja no jornalismo de games, ou por terem trabalhado em empresas como a Tec Toy.

Esta foi a primeira edição do Festival, que antes era um encontro de entusiastas organizado pelo grupo RGB Inside. E mesmo com o aumento de preço que veio com o crescimento do evento (R$90 com alimentação inclusa) o público também cresceu consideravelmente. E não era só o pessoal que queria matar a saudade dos jogos da década de 80 e 90, mas também gente nova, que entrava em contato com eles pela primeira vez ali. O que ajuda na preservação da história dos videogames.

Porém o movimento retrô não trata apenas de preservar os consoles e jogos antigos. Por conta das mudanças nos padrões de vídeo, ligar um PSOne ou um Mega Drive em uma TV atual é trabalhoso, já que as vezes o televisor nem tem mais suporte às entradas de vídeo antiga. Ou então a imagem vai ficar com uma qualidade bem inferior à original. E é por isso que começaram a surgir alternativas para resolver esses problemas.

Uma delas é a modificação dos consoles, para que eles aceitem cabos de TV mais modernas. Fábio Michelin, um dos membros do RGB Inside, é um dos principais responsáveis por esse tipo de trabalho em São Paulo. A outra envolve um “upscaler”, um aparelho externo com entradas para todos os tipos de cabo, que faz a conversão dos sinais para aparelhos modernos. Mas esse tipo de coisa torna o hobby um pouco mais sério (e caro), enquanto os mods são tranquilos e variam entre 200 ou 400 reais dependendo do console, o upscaler mais famoso do mercado passa dos 2.000 reais!

Mas a influência dos retro games já está muito além do colecionismo. Atualmente temos toda uma onda de jogos independentes fortemente inspirados por clássicos de outras décadas. Um dos principais exemplos disso estava também lá no Festival Retro: Blazing Chrome. Criado pelo estúdio brasileiro JoyMasher, Blazing Chrome é inspirado em shooters clássicos 2D como Contra e Metal Slug, mas com uma jogabilidade aprimorada, e gameplay bem menos repetitivo, já que você utiliza veículos e mechas, e em determinados momentos até a perspectiva da câmera muda. E se considerarmos o fracasso do anúncio de Contra Rogue Corps feito pela Konami, a JoyMasher fez um trabalho muito melhor em homenagear a série.

É no sucesso de jogos como esse, e tantos outros como Shovel Knight, The Messenger e Katana Zero, os desenvolvedores mantém viva a nostalgia dos jogos retrô de uma forma totalmente nova. E é por isso que disse que essa onda retrô não é só saudosismo, mas sim todo um nicho que vem aumentando bastante, mantendo viva a história dos games por aqui e ajudando a criar novas referências e jogos atualmente.