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O caso Pelé e a triste memória brasileira

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O caso Pelé e a triste memória brasileira

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, craque maior do futebol mundial, completou 80 anos. A data, que tem muito a ser comemorada, ganhou destaque, mas não só pelo lado positivo. Houve uma profusão de críticas do rei do futebol, tricampeão do mundo e maior goleador da Seleção Brasileira. Triste, especialmente se considerarmos que a vida da lenda se aproxima do fim.

Acho que o Brasil tem um problema histórico em valorizar seus ídolos. Desde o “calado, o Pelé é um poeta”, frase célebre de Romário, outro gênio da bola, até as criticas contumazes direcionadas a Pelé. Criticam o fato de ter abandonado a filha, Sandra; criticam a passagem dele como ministro do Esporte, criticam o discurso do milésimo gol, onde pediu que olhassem para a educação e para as crianças.

Erros e acertos todos temos. Não cabe a boa e velha “passada de pano”, nos dias atuais. Mas não dá para negar a relevância do eleito Atleta do Século.

Negro, mostrou que o sucesso não é exclusividade dos brancos. Foi ídolo mundial e é até hoje o brasileiro mais conhecido no mundo inteiro. Parou guerras com sua magia e esteve presente nos três primeiros títulos da Seleção Brasileira.

Ídolo mundial, suas opiniões são respeitadas por reis, rainhas e princesas. Por líderes religiosos, que incluem todos os papas desde João VI. E boa parte dos presidentes norte-americanos desde Nixon. Todos faziam questão de conhecer o menino que virou rei com suas próprias conquistas.

Enquanto isso, entretanto, no Brasil, onde Pelé nasceu, a horda de bárbaros acende suas tochas contra o rei. É comum fazer troça, tanto do Edson quanto do Pelé. Criticam desde suas opiniões políticas até seu talento como cantor e compositor – sua maior paixão, sem dúvida.

A forma como a sociedade brasileira trata Pelé é uma prova cabal do tipo de povo que somos. Enquanto a maioria dos países cultuam seus heróis – independente até dos seus defeitos pessoais e humanos – o Brasil os desdenha.

É uma triste realidade e que demonstra que somos, enquanto povo, muito menores do que nossos ídolos.

Da minha parte, uma só frase: Vida longa ao Rei.