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Haja paciência!

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Um belo dia, amigo leitor, um político local enviou-me uma mensagem com insultos, dos quais o último foi Boca do Inferno, Mal sabe o educado servidor público o elogio que me fez. Utilizou a mesma alcunha atribuída a Gregório de Matos Guerra, inigualável versejador barroco do século XVII -aposto 100 bolsonaros que o sujeito sequer sabe identificar os números romanos acima. Provavelmente, Guerra foi o mais importante poeta de seu período. Duas de suas principais características eram a sátira e a ironia. Certa vez, aporrinhado constantemente por um conde local, que insistia na elaboração de um poema em sua homenagem, O seguinte soneto foi composto ao sujeito:

Ao conde D. Luiz de Menezes pedindo louvores ao poeta não lhe achando ele préstimo algum.

Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira;
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo:
A sexta vai também desta maneira;
Na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora, nos tercetos, que direi:
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós eu fico um rei.

Nesta vida um soneto já ditei;
Se desta agora escapo, nunca mais.
Louvado seja Deus, que o acabei!

O propósito do artigo, entretanto, não é remoer picuinhas com políticos semianalfabetos, as quais já tão rotineiras e inofensivas. Contudo, lisonjeei-me com a tentativa insulto. Boca do Inferno. Será o nome de meu novo blog.

Regresso, então, ao objetivo do artigo: os pretensos analistas ribeirão-pretanos. Cito o professor Olavo de Carvalho (sua opinião sobre ele é apenas isso, uma opinião, diga-se de passagem):”Cada um se gaba de pensar com a própria cabeça, mas é mentira. Quem pensa com a própria cabeça tira conclusões das evidências disponíveis e, por isso, pensa rápido. Os membros da corte esperam formar-se a unanimidade e depois repetem a crença geral, dizendo que chegaram a ela por si próprios”. Diga ao povo o que ele quer ouvir. A solução está aí, fácil e simples, dizem. Populismo barato, nocivo. Em Ribeirão Preto, salvo raras e boas exceções, há o mercenário e o imbecil.

Todavia, não é papel da imprensa fiscalizar e criticar quando preciso? É, caro leitor, quando há método e objetividade. Alguns adotam o método de quem paga mais. Carteira recheada e boca raivosa. Mentem abertamente por uns trocados. Prostitutas de seu ofício. Há também os achistas de plantão.. Analistas ideologicamente torcedores, Acompanham a boiada da opinião pública.

Analista, jornalista ou cientista político são funções que demandam, primeiramente, uma metodologia definida, uma reflexão filosófica e a busca pela inatingível neutralidade. Números, dados, estatísticas e correntes teóricas compõem o campo metodológico. O segundo ponto exige reflexão, prudência e, em conjunto com o método e a tentativa de objetividade, tecer a análise do fato em questão. Não se trata de um exercício fácil como aparenta ser.

Para não me alongar, cito o exemplo do ex secretário especial da cultura, Roberto Alvim. Não possuo informações suficientes para concluir absolutamente nada, mas afirmo categoricamente que ninguém em sã consciência reproduz, da forma como foi teatralmente reproduzida (Alvim foi um premiado diretor de teatro. Seus subordinados o tacharam de meticuloso, detalhista) o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, muito menos um nazista. Qual a lógica de se expôr, na suposição que ele tenha se tornado um admirador do holocausto, e perder um emprego tão importante?

Os analistas rapidamente o tacharam de nazista, genocida e antissemita. Ironicamente, o regime alemão do Partido Nacional Socialista perseguiu NEGROS, JUDEUS e CONSERVADORES. Sim, caixa alta para as hienas entenderem. Basta observar suas nomeações para encontrar essas trÊs características em seu gabinete. Palavrão a critério da imaginação do leitor. Que -outro palavrão- de analistas são esses que não sabem sequer o que foi o Nacional Socialismo? Ou, então, intencionalmente, aproveitam-se do horror promovido por Adolf Hitler para atacar seus adversários, esvaziando a palavra de seu significado e transformando-a em uma mera ofensa, como foi feito com o termo fascista.

Em suma, há caroço no angu da mídia ribeirão-pretana. E experimente chamar-me de nazista, seja no ar, pessoalmente ou por escrito. Apresentei-lhes, com prazer, o Boca do Inferno do interior. Ovo da serpente e democracia em risco o diabo! Ardem os olhos de Cassandra! Uma boa ideia seria colocar Diazepam na caixa d’água desses sujeitos.

Aliás, cadê meu Rivotril?