Autismo, além dos mitos e preconceitos

Falta de conhecimento sobre o Transtorno do Espectro Autista leva à propagação de inverdades

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Foto: PixaBay.

Pouco se fala sobre a vivência de adultos e idosos no espectro do autismo. A tendência debater sobre as crianças ou no máximo de adolescentes nesta condição. Nesse ambiente, perguntas sobre como: essa condição muda ou não ao longo do tempo no desenvolvimento? Quais são as novas etapas e experiências vivenciadas pelas pessoas dentro do Transtorno do Espectro Autista? Que políticas públicas temos nesse sentido? Ficam sem respostas.

Ainda hoje existe um certo desconhecimento sobre o transtorno, que perpassa o imaginário social como uma forma de mistério, e acaba por criar mitos e preconceitos. Como o rótulo das “mães geladeira”, atribuído às mães de crianças com autismo, pois acreditava-se que que elas causavam a apatia nos bebês, por serem afetivamente frias. Ideia que já não é mais válida no meio profissional, mas pode fomentar conversas populares.

Também vale lembrar o mito de que as vacinas causavam autismo, gerado por artigo divulgado na revista The Lancet, em 1998, que estimulou uma onda antivacinas. A revista se retratou, por averiguar que as conclusões eram falsas. O responsável pelo estudo foi, inclusive, considerado inapto para o exercício da profissão, por comportamento antiético e enganoso. Porém, para desfazer boatos como esses pode levar muito tempo.

Mas o transtorno tem conquistado avanços, como o reconhecimento de que um indivíduo não deve ser reduzido ao seu diagnóstico. Pessoas com TEA também possuem grandes potenciais de realização profissional e pessoal. Têm seus desafios, mas qual ser humano não tem? Quantos talvez não possuem diagnósticos, simplesmente por não buscar avaliação profissional? Afinal, muitos diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo, são descobertos só na idade adulta.

Independentemente de rótulo clínico, desenvolver a capacidade de convivência é o desafio para todos. Como cidadãos, como humanos, é possível compreender um pouco mais, investir em um mundo de respeito às semelhanças e diferenças. Precisamos buscar o conhecimento a fim de evitar a desinformação que gera preconceito. É através do conhecimento que se constrói uma sociedade mais fraterna e acolhedora para todos.