Atenção ou memória: o cérebro no modo piloto automático

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Depressão refratária é aquela que persiste mesmo com o uso de medicamentos – Foto: Freepik

 Você chegou em algum lugar desligando o carro e tomando a consciência de que não faz ideia de como chegou ali? De repente você está descendo do carro sem saber que caminho fez.

Mas… Como é possível realizar algo tão complexo sem se dar conta? Pisa no freio, buzina, muda a marcha, para no semáforo, vê o pedestre, freia enquanto alguém avança o sinal fechado, interage com outros veículos de variados tamanhos, alturas e formas, ouve rádio, conversa com um passageiro ao lado e então chega ao seu destino sem saber como fez ou que caminho tomou para chegar ali.

É… O cérebro é capaz de muito mais do que se imagina e o ser humano só é capaz de fazer o que faz por causa dele.m

Iagine a linha de produção de uma fábrica: setores que se interligam cada um com suas especialidades, mas que são funcionais e produtivas porque poupam tempo. Assim como os condutores de veículos o passo a passo não é mais raciocinado, racionalizado, entra-se em piloto automático. Daí entende-se o termo automatização.

Esse processo mecânico se dá por um tipo de memória que se consolida no cérebro por meio da repetição. Métodos de ensino baseados na repetição – tradicionais ou técnicos – contam com isso: repete-se, repete-se até aquela informação se instaurar e o piloto automático acontecer.

Se você fez provas de perguntas diretas e objetivas, de sim e não, de complete na escola você vivenciou na pele esse método. A questão é: a repetição proporciona memorização, mas não necessariamente aprendizagem. Memorizar não garante que se aprendeu, mas sim que se repetiu tanto que ficou automático.

Então, o que a atenção tem a ver com isso tudo?

É simples! Enquanto você faz uso dessa memória de longo prazo (a do piloto automático) e chega na escola, no trabalho, no shopping sem saber como a atenção estava voltada para outra coisa. Enquanto a memória trabalhava seu instinto de sobrevivência o deixou salvo em meio ao trânsito, mas seus pensamentos (sua atenção) estavam nas contas para pagar, na viagem do final de semana, na correria do dia a dia e na louça que espera ansiosamente por você em casa.

Pois é! Muitas pessoas acreditam estar com a memória fraca, mas muitas vezes é a atenção que precisa da sua atenção – trocadilhos à parte.

Sem atenção você lê a página inteira de um livro – em voz baixa ou alta – sem ser capaz de entender uma palavra se querer. A memória falha, mas porque a atenção não está com boa qualidade.

O que fazer? Tudo o que for diferente.

Trilhe caminhos novos – a pé ou dirigindo; desça um ponto antes ou depois do seu no trajeto de ônibus; leia tipos diferentes de história. Saia do piloto automático mudando a rota até mesmo no tipo de leitura que realiza. Seja e faça diferente. Isso é o que vai prevenir as questões do envelhecimento mental, cognitivo, neuronal.

O cérebro é lindo, mas adora o conforto. Então enquanto faz coisas que o desafiem a prestar atenção porque não é de costume fazer, a atenção é obrigada a se manifestar e melhorar para que a memória também tenha um melhor desempenho.

Loções cuidam do lado de fora do corpo, mas do lado de dentro… Nada como um bom desafio para cuidar da sanidade e saúde mental.

Até a próxima!