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A gente cai, mas cai em pé

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A gente cai, mas cai em pé
Foto: CBF

Se tem algo que essa Copa do Mundo feminina vem mostrando é uma goleada inspiradora de representatividade, de diversidade, de empoderamento e sororidade. É um tal de apoiar e levantar uma à outra. Começamos com um vídeo contagiante que viralizou nas redes sociais da seleção sul africana chegando na França já deixando escancarado que futebol feminino é alegria e que a mulherada está lá por mérito, luta, garra e muita dedicação.

No primeiro jogo do Brasil, Marta entra em campo contra a Austrália usando uma chuteira preta e sem nenhum patrocínio, somente com um símbolo rosa e azul da campanha #GOEQUAL* sobre a igualdade de gênero. A intenção foi dar visibilidade e voz ao questionamento das jogadoras mulheres não terem o mesmo reconhecimento e remuneração que os jogadores e campeonatos masculinos. A FIFA (Confederação Internacional da Associação de futebol) destina apenas 1% de seus investimentos para premiar o futebol feminino e, felizmente, o protesto surtiu efeitos e logo após o jogo, grandes marcas manifestaram seu apoio e patrocínio. Golaço da Marta, e falando em golaços e representatividade, nós brasileiros temos muito do que nos orgulhar, pois temos a Marta eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, maior artilheira em Copas entre homens e mulheres.

No segundo jogo ela entra em campo contra a Itália e antes mesmo do jogo começar apresenta o grande lance: aparece maquiada e com batom escuro. E lá vem debate de novo pra bater de frente e quebrar todo o ar machista que paira sobre o futebol. Porque não ser jogadora e feminina e vaidosa? Batom combina com futebol sim. Uma coisa não exclui a outra e a mulher pode ser o que ela quiser, onde e como ela quiser e isso Marta deixou bem claro.

Terceiro jogo, Brasil entra em campo contra a França, dona da casa e uma das favoritas para levantar a taça. É mata-mata e a seleção brasileira está formada: Barbara, Leticia, Kathellen, Mônica, Tamires, Formiga, Thaisa, Ludmilla, Cristiane, Debinha e Marta. Dessa vez o batom não é roxo, é vermelho. É vermelho cor de sangue, sangue que não borra e não escorre, é batalha, é suor, é aquele último minuto da prorrogação que não pode chegar e se chegar a mulherada tenta se virar e se cair, o jeito sempre foi levantar.

Mulher é verbo lutar, é saber que nada foi em vão, é inspiração para as outras que virão. É dar a voz, é ser ouvida e nesses dois quesitos fomos mesmo campeãs. As meninas caíram com honra, porque nem sempre vitórias têm a ver com o placar. Não foi dessa vez que a taça foi nossa, mas tem vitória maior do que caírem em pé, dignas e com suspiro aliviado de terem colaborado para o crescimento de um mundo menos desigual?

Falta muito, mas o primeiro passo foi dado, aliás, o primeiro chute.

Obrigada, mulherada!
Voa, mulherada!

Dica de música para semana: RESPEITA (Ana Cañas)