Pesquisa revela que cães podem detectar COVID-19 com incrível precisão

No caso do olfato canino para o diagnóstico da COVID-19, foram avaliados quatro estudos revisados por pares

Pixabay

Para controlar o contágio do novo coronavírus (SARS-CoV-2), uma das medidas mais importantes é a identificação precoce — de preferência, em tempo real — de pacientes contaminados. Para essa finalidade, existem diferentes métodos que vão de exames laboratoriais até o olfato canino. Sim, cachorros podem identificar a COVID-19 com muito êxito, quando treinados de forma adequada.

De acordo com a revisão sistemática publicada no Journal of the American Osteopathic Association, cães podem ser mais precisos, de forma geral, nos testes para COVID-19 quando comparados com a taxa de acerto de exames do tipo RT-PCR, aqueles considerados como padrão-ouro na pandemia do coronavírus, por exemplo.  

Vale explicar que uma revisão sistemática é uma análise de vários estudos já publicados sobre o tema, produzidos em diferentes países e, consequentemente, em diferentes populações. No caso do olfato canino para o diagnóstico da COVID-19, foram avaliados quatro estudos revisados por pares. 

Olfato apurado em cães

“Os cães ‘veem’ o mundo em grande parte com o nariz, e não com os olhos. Os cães são capazes de sentir uma ampla gama de moléculas em concentrações extremamente pequenas — uma parte em um quatrilhão em comparação com uma parte em um bilhão para os humanos —, parcialmente devido ao formato da cabeça (ou seja, os cães, com algumas exceções de raça, têm narizes mais proeminentes)”, comenta o professor Tommy Dickey e um dos responsáveis pela revisão sistemática. 

A partir desse conceito e das capacidades já conhecidas dos cachorros em detectar doenças, como o câncer,  Dickey se debruçou sobre os artigos científicos publicados anteriormente sobre o tema. Após filtrar as pesquisas, foram selecionados “quatro estudos revisados ​​por pares, dedicados a determinar a viabilidade e eficácia da detecção e triagem de indivíduos que podem estar infectados pelo vírus da COVID-19 com cães farejadores”, descrevem os autores do artigo. 

Cheiro de COVID-19

Concluída a análise comparativa dos resultados, os autores observaram que as taxas de acerto de um diagnóstico para a COVID-19 apontado por um cachorro treinado são comparáveis e, até mesmo, melhores do que as taxas de acerto dos exames de RT-PCR.  As comparações “demonstraram que a sensibilidade, a especificidade e as taxas de sucesso geral relatadas pelos estudos resumidos de detecção de odores são comparáveis ​​ou melhores do que o teste padrão RT-PCR padrão”, apontam.

Em um dos artigos analisados, foram avaliados oito cães farejadores previamente treinados para a detecção de pacientes com câncer e a presença de explosivos. Para avaliar a eficácia dos focinhos caninos, foram testadas 198 amostras de diferentes origens, como de pacientes internados e outros do grupo controle (sem diagnóstico da COVID-19). Os cães do estudo obtiveram uma taxa de acerto estimada entre 83% e 100%.

Além deste, dois estudos demonstraram que a sensibilidade do olfato canino para o diagnóstico da COVID-19 ultrapassava os 90%, sendo que um demonstrou 94% e o outro, 95,5%. A quarta e última pesquisa ainda está em andamento e, por isso, não foi considerada a sua taxa final de acerto para a comparação. 

E aí, será que compensa colocar cães em aeroportos e parques?

Segundo os autores das análises, a elevada taxa de sensibilidade para o coronavírus “significa que cães farejadores podem, provavelmente, ser empregados de forma eficaz para rastrear e identificar, de forma não intrusiva, os indivíduos infectados com o vírus da COVID-19 em hospitais, centros de cuidados de idosos e escolas”.

No entanto, testes mais extensos devem ser realizados com os cachorros para aperfeiçoar os métodos de treinamento e diagnóstico. Agora, os caninos deveriam ser testados em grandes estudos, envolvendo centenas e até milhares de amostras do coronavírus. Independente disso, a descoberta fornece uma possibilidade promissora para o rápido diagnóstico da COVID-19, quando não há necessidade de exames e em espaços públicos de alta circulação. 

Informações: IFL Science 

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