Jovens já representam 1/4 dos investidores na bolsa de valores brasileira

Levantamento aponta aumento na quantidade de investidores entre 18 e 24 anos, que passou de menos de 3% em 2017 para 26% em 2020

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Para especialista, a adesão desses jovens ao mercado financeiro é “um movimento muito importante para o País” Foto: Pexels

Esqueça o terno, a gravata e toda formalidade característica dos investidores; a bolsa de valores brasileira, atualmente, não é mais exclusividade de homens engravatados. Os jovens, de visual despojado, também conquistam mais espaço a cada ano nessa modalidade de aplicação financeira e já são maioria entre os investidores no País. Um relatório produzido pela B3, a bolsa de valores oficial do Brasil, divulgado em dezembro de 2020, apontou que cerca de 26% dos investidores têm entre 18 e 24 anos.

Para se ter ideia do aumento no número de jovens investidores, em 2019, o grupo representava apenas 10% do total. Em 2017, o número não chegava a 3%. Atualmente, o grupo é o segundo maior na bolsa de valores brasileira, atrás apenas dos investidores entre 25 e 34 anos de idade, que correspondem a 42% do total.

Mercado financeiro

Para Rafael Confetti Gatsios, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP e especialista em mercado financeiro, este aumento pode ter relação com o período de vida dos jovens, que, segundo ele, “têm mais possibilidades de assumir riscos”. Além disso, o crescimento de conteúdos digitais sobre o assunto também está atraindo cada vez mais jovens para o mundo dos investimentos.

Para Gatsios, a adesão desses jovens ao mercado financeiro é “um movimento muito importante para o País”, mas alerta que essa entrada nos investimentos deve ser conduzida da maneira correta, para que os jovens entendam os investimentos e avaliem corretamente os riscos.

Insegurança

Thiago Lucato, estudante de direito de 21 anos, conta que desde pequeno pensava em poupar dinheiro. Os anos se passaram e a chegada da pandemia de covid-19, somada à queda em muitas ações na bolsa de valores, fez com que decidisse investir seu dinheiro na B3, mesmo sem ter, a princípio, o apoio da família.

O estudante diz que ficou com medo, mas enxergou uma oportunidade quando decidiu começar a investir, já que era início da pandemia e a insegurança era grande, tanto por entrar em um mundo novo quanto pela incerteza do que iria acontecer com a economia do País. 

Confiante com sua atuação até o momento, Lucato descarta a aventura e defende, como essencial para uma carreira de sucesso na área, o investimento em educação financeira já no ensino fundamental, seja para os alunos da rede pública ou privada. Acredita, inclusive, que a educação financeira nas escolas seja “totalmente necessária, até para a melhor estruturação da economia do País”.

Fonte: Jornal da USP