Segundo o decreto municipal em vigor, bar não pode funcionar já que este tipo de estabelecimento não está na lista de serviços essenciais. Mas muitos bares desrespeitam a lei e continuam de portas abertas. É o caso de um bar localizado no cruzamento da Rua Camilo de Matos com Itatiba, no Jardim Paulista. Luciano Oliveira mora no bairro e flagrou imagens que comprovam o funcionamento irregular. No último sábado (18), por volta das 17h20, ele passou pelo local e indignado com o que viu gravou as imagens pelo celular e fez a denúncia ao Grupo Thathi. No vídeo abaixo, pelas imagens, é possível ver que o bar mantinha as portas abertas, clientes do lado de fora tomando cerveja, gente sentada na soleira da porta e até mesas com pessoas consumindo no local.
“Isto é um retrato da falta de consciência da população e falta de fiscalização”, comenta o morador. Ele ainda questiona o trabalho da fiscalização. “A partir do momento que tiver fiscalização e aplicar multas, isto muda. Porque a consciência a gente não consegue mudar, então precisa multar para evitar gente nas ruas. A doença só cresce na cidade e ainda assim o povo não respeita o isolamento”, comenta Luciano.
Já Rodrigo Stabeli, pesquisador titular da Fiocruz e professor da faculdade de medicina UFSCAR, acredita na necessidade de atuação mais forte da fiscalização mas aposta muito na mudança de postura da população. Ele ainda comenta que em países asiáticos e na Europa, não foi preciso fiscalização para garantir que a população cumprisse as orientações médicas de segurança. Por isto, ele enfatiza que a responsabilidade é de todos e faz um apelo. “Se a população não fizer a sua parte, de manter o distanciamento físico, usar máscaras e lavar as mãos, a gente não conseguirá vencer esta batalha”, comenta Rodrigo.
Ele ainda comenta do risco de quem não cumpre o distanciamento social e coloca até a vida de outros em risco. “O comportamento de pessoas se aglomerando em bares e restaurantes, neste momento da pandemia, é um comportamento de morte, é um comportamento de assassinato. Quando eu não me cuido, quando eu aglomero, estando doente, mesmo não sabendo, eu estou atentando contra a vida de terceiros. Se uma pessoa pode transmitir o vírus para até 4 ou 5 pessoas, significa que eu posso matar até 4,5 pessoas”, afirma o pesquisador.
Segundo o boletim divulgado na tarde de ontem (19), Ribeirão Preto chegou a 10.401 casos de Covid-19 e 279 mortes. A taxa de ocupação de leitos COVID no município ficou em 97,06%.
Preocupado com os altos índices da doença, o pesquisador e professor, ainda ressalta que a situação pode se agravar dependendo das atitudes da população. “Isto pode trazer muito mais mortes para a região e índices calamitosos de UTI, aumentando assim as filas dos cemitérios para enterrar seus mortos, já que não haverá tratamento para todo mundo. Então combater o coronavírus é um ato de solidariedade coletivo e um dever de todos”, finaliza.
“Não podemos terceirizar a culpa, a culpa é de todos nós. Se eu não faço o isolamento social, eu não consigo combater o coronavírus”, diz Rodrigo Stabel
Denúncias
Ribeirão Preto segue na faixa vermelha do Plano São Paulo que define as regras da retomada gradual das atividades durante a pandemia do novo coronavírus no Estado de São Paulo. Nesta fase apenas serviços essenciais podem funcionar.
As denúncias podem ser feitas através do Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM) pelo telefone 156, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Também é possível fazer contato direto na Guarda Civil Municipal (GCM), que atende pelo número 153, todos os dias, por 24 horas.
Imagens feitas por morador do Jardim Paulista por celular