Após ter a conta limpa por golpistas, mulher de RP recorre à Justiça para ser ressarcida por banco

Caixa Econômica Federal informou que não tem condições de impedir os golpes e que não irá ressarcir a aposentada

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Celular com o aplicativo do Whatsapp - Foto: Jornal da USP

Uma mulher de 52 anos iniciou na Justiça uma batalha para recuperar quase R$ 70 mil, quantia esta que ela perdeu para criminosos que invadiram sua conta bancária e retiraram os recursos. O banco assume que não tem condições de combater os criminosos e que não irá ressarci-la.

O pesadelo da aposentada Tânia Mara Melo começou outubro de 2021. Ela tem uma conta na Caixa Econômica Federal, em uma agência de Ribeirão Preto, desde março de 2014, na qual recebia seu benefício. Em 11 de outubro do ano passado, recebeu uma mensagem no aplicativo do banco, dando conta de que sua senha estava bloqueada.

Ela foi até a agência e desbloqueou a senha no caixa eletrônico. Nesse dia, conferiu o saldo, que estava correto e era de aproximadamente R$ 90 mil.

Um dia depois, entretanto, tentou fazer uma compra, com cartão de débito, e a transação foi recusada. Ela ligou para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do banco e foi informada que R$ 14 mil tinham sido retirados da conta em duas transferências que ela não autorizou.

O advogado Tuffy Rassi, a aposentada Tania Mara e a advogada Maria Angélica – Foto: Arquivo Pessoal

No dia seguinte, ela teve que viajar a Guaíra e, ao acessar o aplicativo do banco, percebeu uma série de novos saques. “Eram transferências, PIX, tinha de tudo. No total, fiquei apenas com R$ 21 mil em conta. Foram quase R$ 70 mil de prejuízo”, disse.

Desespero

Desesperada, ela foi até a agência da Caixa em Guaíra, onde falou com o gerente e pediu o imediato bloqueio de sua conta, de forma a evitar que novos saques fossem realizados, e também questionou o banco sobre o reembolso dos valores que simplesmente desapareceram da sua conta.

“O gerente informou que nada podia ser feito e tentou eximir o banco de culpa. A Mara, então, procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência”, conta Tuffy Rassi, um dos advogados que representa a aposentada na ação contra o banco.

Ele conta ainda que, mesmo com o pedido de bloqueio, novos saques, no valor de aproximadamente R$ 5 mil, foram feitos, no dia seguinte, 14 de outubro, pelos criminosos. “Nem com o pedido de bloqueio o banco foi capaz de impedir a ação dos marginais”, conta.

Martírio

De volta a Ribeirão, Mara procurou, em 15 de outubro de 2021, o gerente de sua conta. “Eu fui informada que meu pedido de bloqueio, feito no dia 13 de outubro, havia sido negado pela Caixa, e isso possibilitou que os saques fossem ocorrendo”, contou.

Na conversa, que foi gravada, o gerente admitiu que o banco não tinha condições de impedir o golpe e que não iria ressarcir os prejuízos da cliente na esfera administrativa. “Quando a gente tenta arrumar alguma coisa, eles vão lá e fazem outra coisa, estão à frente do banco”, afirmou o gerente, referindo-se aos fraudadores, em gravação feita pela aposentada.

Diante da negativa, Mara optou por processar a caixa para conseguir os recursos de volta. “Optamos, portanto, por ingressar com a ação e responsabilizar a Caixa. Além de atuarmos na esfera cível para recuperar a quantia, também estamos atuando junto da Polícia Civil para investigar o caso ”, conta Maria Angélica Bellini, advogada que também está atuando no caso.

Foto: Redes Sociais.

Reembolso

Em novembro de 2021, a Caixa reconheceu que houve falha em relação aos últimos saques realizados, devolvendo a Mara pouco menos de R$ 5 mil. Os outros quase R$ 65 mil, entretanto, não foram recuperados pela aposentada, que até hoje amarga o prejuízo.

Golpes

Com o incremento do uso da internet para funções bancárias, cresce exponencialmente os golpes. Segundo Dandara Aranha, responsável pelo setor de segurança da Grafeno, fintech de contas digitais e infraestrutura de registro eletrônico, é preciso atenção para evitar cair em golpes como o aplicado em Tânia Mara.

Já Marcelo Godke, advogado especialista em direito empresarial e societário, uma alternativa é aumentar a segurança do celular para evitar que os bandidos acessem o aplicativo do banco. É preciso, também, ter cuidado ao acessar mensagens enviadas por SMS e e-mail. “Na dúvida, não clique. Isso pode ser usado para fornecer acesso aos seus dados e os criminosos atuam a partir desses dados”, conta.

SEIS DICAS PARA NÃO CAIR EM GOLPES

1) Não se cadastre em sites desconhecidos
Não informe dados pessoais, como CPF, número de celular e senhas, em sites desconhecidos. Confira se o endereço corresponde com a marca, empresa ou serviço público.

2) Não clique em links suspeitos
Ao receber um link suspeito, não abra, pois ele pode acessar suas informações. Normalmente, estes endereços acompanham alguma oferta convidativa, como descontos e prêmios.

3) Duvide de pedidos que chegam pelo Whatsapp ou por SMS
A clonagem do Whatsapp e de números de celular é outro crime que se tornou comum. Os bandidos se passam pelo dono da linha e pedem uma quantia, como se fosse um empréstimo, por Pix.

4) Atenção aos pagamentos por campo de proximidade, o NFC
Alguns terminais para esse tipo de transação podem ter sofrido alterações para roubar dados. Se notar algo suspeito, opte por outra forma de pagamento para garantir sua segurança.

5) Cuidado com QR Codes falsos
O QR Code, que viabiliza transações por meio da captura do código, estão populares. No entanto, certifique-se de que o valor que consta no QR Code e o destino do dinheiro estão corretos antes de realizar pagamentos e transferências.

6) Cuidado com ligações ou mensagens do banco
Desconfie de telefonemas ou mensagens cuja pessoa diga ser funcionária do banco onde é cliente.

FUI VÍTIMA, O QUE FAZER?

– A principal dica é monitorar seu CPF por meio de ferramentas das empresas de proteção ao crédito
– Caso caia no golpe, registre um Boletim de Ocorrência e comunique ao banco o ocorrido, para poder pedir o estorno da operação
– Cabe ao banco analisar se vai pagar ou não, como nas demais fraudes bancárias
– Em caso de negativa do banco no ressarcimento, procure um advogado e ingresse na Justiça pedindo o reembolso