Jumentos salvos, por enquanto, no Brasil. Justiça proíbe abate e exportação para a China

Justiça brasileira proíbe exportação de peles de jumentos para a China. O produto era usado como matéria prima para elaboração do remédio ejião. Fonte: BBC News

0
observatório do terceiro setor

A Corte Especial do Tribunal Regional Federal, da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, suspendeu na noite de quinta-feira (3), por 10 dos 13 Desembargadores, o abate e exportação de jumentos para a China. O couro do animal é usado pelos chineses para a fabricação de um remédio, o eijão,  destinado ao tratamento de doenças como anemia, menstruação irregular, insônia e impotência sexual. Não há qualquer comprovação científica na eficácia desse produto, entretanto ele é muito popular entre os chineses, podendo ser consumidos de várias formas como chás, bolos e etc.

Desde 2016, o Brasil é exportador de couro de jumento para o mercado chinês. A atividade encontra-se em municípios do centro-sul da Bahia. Para o abate dos animais, não existe uma cadeia complexa de atividades, que vai de confinamento, cuidado de preservação e manutenção da espécie (como no gado bovino, por exemplo). Os jumentos são recolhidos na caatinga, abatidos de forma aleatória, muitas vezes entregues aos maus-tratos, deixados à mingua, levados à morte por inanição e acometidos de doenças mortais como o mormo. Ativistas já denunciaram a atividade aos órgãos competentes, mas somente agora veio a decisão final. Os jumentos correm risco de extinção. Em 2013 havia 900 mil deles em todo território nacional, com ênfase no nordeste brasileiro. Hoje, segundo o IBGE e o Ministério da Agricultura, o total chega a 400 mil animais.

LUCRO EXTRAORDINÁRIO

No Brasil, o couro é vendido por R$20,00 no nordeste e repassado aos chineses por até R$ 4 mil reais. Somente no município de Amargosa, no sul da Bahia, são abatidos 4 mil e oitocentos animais por mês, num total de cinquenta e sete mil e seiscentos por ano. Ali se encontra o frigorífico Frinordeste, dos proprietários chineses Ran Yang e Zhen Yongwei, além do brasileiro Alex Franco Bastos. A planta original do prédio do frigorífico pertence à JBS e hoje está arrendada pelos dois chineses e pelo empresário brasileiro.

Foto: Observatório do terceiro setor- Segredos do mundo