Trenzinho da eleição

0
Imagem ilustrativa de uma urna eletrônica | Foto: Reprodução ; TSE

No último mês, o Governador de São Paulo, João Dória, esteve em Ribeirão para alavancar o seu nome para as prévias presidenciais, a serem realizadas em novembro. Aproveitou também a oportunidade para encaminhar e reforçar apoio ao vice-governador Rodrigo Garcia ao governo do Estado. Dória conta com a efetivação de seu nome como caminho da terceira via. Certamente, se a eleição fosse hoje, ele estaria fora do páreo, mas daqui a onze meses a situação pode se outra. Com o desgaste da polarização Lula/Bolsonaro e,
dependendo da composição da chapa, Dória pode vislumbrar um destino profícuo para a presidência. O que há de interessante no candidato? Seu amplo portifólio de realizações, entre as quais a vacinação antecipada e os projetos de assistencialismo que o governo federal não foi capaz de realizar. Se Dória conseguir Moro como vice dará um salto interessante na campanha, pois contará com aquele que pôs Lula na cadeia e foi abandonado por Jair Bolsonaro, justamente quando iria implantar o pacote anticorrupção.

Barrado no baile

Bolsonaro acumula perrengues. Desta vez foi o Facebook e o Instagram que tiraram do ar a live que o presidente culpava a vacina contra Covid-19 pelo aumento dos casos de Aids. Já foi barrado no jogo do Santos, por não ser vacinado e, pelo mesmo motivo, teve que comer pizza na calçada, em Nova York , quando foi discursar na ONU. Exaltada, a esquerda brasileira, bem como os adversários do presidente, falam em perda de votos e desgaste político futuro. Ledo engano. Esses fatos vão, no máximo, para o anedotário político brasileiro. O povo nada, ou bem pouco se incomoda com isso. O que faz perder votos e comprometer a campanha é a incontrolável carestia que inunda o país. Bolsonaro sabe muito bem. Se a economia não melhorar, se não houver futuro para a sociedade, se o povo ainda continuar a comer ossos em lugar da carne, se os combustíveis continuarem com preços estratosféricos e o salário não passar de dois dias, nenhuma campanha se sustenta. O resto é piada.

Terceira via da disputada

Quando as pesquisas eleitorais mostram que Lula e Bolsonaro, juntos, não fazem a maioria dos votos, a possibilidade de uma terceira via vira um prato apetitoso para os políticos. Além de Dória, Datena ou Moro, surge agora um novo nome: Rodrigo Pacheco, o atual presidente do Senado. No último sábado, o Senador afirmou, num evento no Rio de Janeiro, que pretende se filiar ao PSD, de Gilberto Kassab e, muito provavelmente, ser o candidato do partido à presidência da República. Resta saber agora a pauta da sigla, tão oscilante em apoio como em
crítica ao governo federal. Pacheco foi apoiado do Bolsonaro ao cargo de presidente do Senado e tinha nele toda confiança do mundo, no sentido de aprovar projetos do executivo. O tiro saiu pela culatra. Pacheco é mestre em panos quentes e nem pode ser fruto da confiança
de Bolsonaro e seus assessores. Já provou isso em várias oportunidades. Pacheco é pouco conhecido do eleitorado. Isso não significa estar fora da parada. Significa ter mais trabalho e uma pauta voltada aos interesses do eleitorado desconfiado e confuso. Kassab é mestre nesse
quesito: fazer candidatos vitoriosos. Fica no ar uma pergunta: como Bolsonaro vai encarar essa concorrência? O tempo será o senhor da história. Vamos ficar atentos.