Eleições 2020, a corrida maluca ou Sucupira 2.0

João Gandini, pré-candidato a prefeito em Ribeirão - Foto: Redes Sociais

Aproveito a ideia, retirada da postagem do cinéfilo Aurélio Cardoso, para ilustrar a corrida eleitoral em Ribeirão Preto. Ou poderia chamar a outrora Terra do Café de Sucupira 2.0, homenagem ao inesquecível Dias Gomes, tantos e tão intensos absurdos e devaneios produzidos pela politicalha tupiniquim. É de fazer corar o ficcionista mais talentoso.

Parafraseando o genial Macaco Simão, é mole, mas sobe! Parece Dias Gomes. Cutuca para ver o que acontece!

Desistências

A começar das desistências. Ricardo Silva (PSB), líder nas pesquisas, deixou a corrida alegando que iria priorizar seu mandato na Câmara dos deputados. Uma escolha que faz sentido, em se levando em conta o tanto que Silva “apanhou” nas últimas eleições, o que lhe tirou, inclusive, expressivo capital político.

Gandini

Se a situação de Ricardo pode ser explicada à luz da racionalidade, o mesmo não pode ser dito sobre João Gandini. Candidato derrotado em três eleições, o ex-juiz tinha legenda certa cedida pelo MDB. Mais preocupado com a indicação à vice do que em consolidar sua candidatura, optou por desistir, às vésperas do prazo regimental findar.

Casamento

Nas redes sociais, esboçou uma patética explicação, na qual se definiu como um noivo que não tinha controle sobre nenhum aspecto das futuras bodas, nem mesmo em relação á noiva que desposaria. Gandini, que já “noivou” com dois partidos diferentes – foi candidato pelo PT e pelo PSB, além de ter passagens por PHS e PSD, pelos quais disputou eleições federais – acabou optando por abandonar os compromissos firmados no altar.

PSL bipolar

Vamos finalizar com a sui generis situação do PSL. Partido com maior tempo de TV e com maior disposição de verbas do fundo partidário, a legenda tem seus líderes se digladiando, em praça pública, há pelo menos dois anos. É um festival de denúncias, que incluem desde calotes do presidente afastado da sigla, Rodrigo Junqueira, até uso político do partido para beneficiar a ala que se opõe a ele. No frigir dos ovos, o partido, embora seja o que mais recebeu votos nas eleições presidenciais de 2018, segue inexpressivo na cidade.

MDB

Sem Gandini, o DMB optou pela estratégia certeira de quem não quer ganhar a eleição. Indicou uma desconhecida, Cristiane Bezerra, para disputar o cargo político mais importante da cidade. Convenceu, ainda, o PSL – ou parte dele – a indicar o candidato a vice. O acordo está sob júdice, já que Junqueira contesta a indicação e quer ser ele o candidato do partido.

Sai não sai

Também não se pode deixar de falar sobre os boatos que dão conta de uma possível desistência de Lincoln Fernandes (PDT), também pré-candidato. O boato rodou forte na cidade nesta terça-feira (16) mas, até o momento, a candidatura não está confirmada, nem descartada..

Bastidores

Prefeito Duarte Nogueira (PSDB) durante cerimônia de premiação – Foto: Antonio Gonzaga

Há quem enxergue, nesse emaranhado de teias nem sempre claras, a interferência da esfera federal na política ribeirão-pretana. Nos bastidores, aponta-se que a mudança de postura do PSL tenha sido motivada por uma articulação política comandada por integrantes do PP – partido que indicou Daniel Gobbi como candidato a vice-prefeito na chapa comandada por Duarte Nogueira (PSDB).

Boca pequena

À boca pequena, não é só isso que se fala sobre essa estranha eleições. A incapacidade de partidos tradicionais da política na cidade lançarem candidatos competitivos faz correr a informação de possíveis acertos, capitaneados em Brasília, cujo objetivo seria “facilitar” a vida de Nogueira, detentor de rejeição que chega a superar a de Dárcy Vera nos seus áureos tempos de Sevandija.

Sem conclusões

Este corneta pode dizer que, morador em Ribeirão desde que nasceu, há exatos 39 anos, e tendo participado três ou quatro eleições municipais como jornalista profissional, nunca vi um pleito tão estranho quanto o que teremos em 2020. Resta ver se sobrará algum tijolo político de pé depois dessa eleição.

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