Barão Vermelho completa 40 anos e lança albúm acústico.

José Carlos Pimentel @Zehdorock
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Administrador, Contabilista e guitarrista. Há mais de 30 anos acompanha shows nacionais e internacionais e escreve sobre lançamentos e notícias do mundo da música. Entrevistas e toda cobertura dos eventos, do Underground ao Mainstream. Desenvolve o canal @zehdorock no instagram.

E lá se vão 40 anos desde que Léo Jaime indicou um amigo a Guto Goffi, Roberto Frejat, Dé e Maurício Barros.

Contando uma versão nova de uma velha história, o Barão Vermelho, hoje composto por Rodrigo Suricato (guitarra, violão e voz), Fernando Magalhães (guitarra e violão), Guto (bateria) e Maurício (teclados e vocais) comemora as quatro décadas com a pompa, a circunstância e os solos de guitarra que a ocasião pede: no dia 13 de agosto vai ao ar, no Canal BIS (me dê de presente o seu bis!), o primeiro dos quatro episódios em que a banda se apresenta para uma plateia incendiária e emocionada em um teatro no Rio, ao mesmo tempo em que mistura entrevistas e imagens de bastidores.

O presentaço está dividido em quatro monólitos: Acústico, Clássicos, Blues & Baladas e Sucessos, que serão exibidos no BIS aos sábados, dias 13, 20, e 27 de agosto e 3 de setembro, sempre às 23h. Cada um deles forma uma coleção, que será lançado separadamente, pela NBV, empresa do próprio Barão.  Ah! O amigo do Léo Jaime era Cazuza, claro.

Com o sólido reforço de Márcio Alencar no contrabaixo, o Barão pensou, dividiu e rearranjou seu repertório sem respeitar fronteiras muito definidas, como pede a arte. Ou seja, no bloco acústico tem blues, os sucessos são clássicos… tem pra todo mundo, é o “Barão 40 horas”, nas palavras de Maurício. Chama a  atenção o clima de sacanag… quer dizer, de  camaradagem entre os músicos e seus convidados, do garoto Suri, que integra o Barão desde a saída do fundador Frejat, em 2017, aos fundadores Guto e Maurício, passando pelo gentleman Fernando Magalhães, que começou a acompanhar a banda em 1985, ou seja, viveu 37 destes 40 anos.

Também se percebe o brilho nos olhos da banda ao desfilar o repertório, que passeia sem solavancos pelas quatro décadas. A direção do especial é de Rodrigo Pinto, e os shows foram gravados nos dias 1º e 2 de junho deste ano.

A festa já começa com a maior novidade do projeto, o bloco acústico, com versões diferentes (e o violão mágico de Suri) de músicas como “Enquanto ela não chegar” e “Bete Balanço” e convidados como Chico César (em “Por você”, também reforçada pelo sanfoneiro Marcelo Caldi) e Samuel Rosa (em “Maior abandonado”), que lembra quando ouvia o Barão no rádio, ainda guri, em Beagá.

Lá atrás, na época da série “Unplugged” da MTV, nos anos 1990, o Barão gravou um disco no formato, mas ele acabou não chegando ao grande público. O álbum incluirá ainda três músicas inéditas no set acústico, “Tua canção”, “Sorte e azar” e “Carne de pescoço”.

O episódio seguinte, programado para o dia 20 de agosto, sofre um pouco pela redundância: o que são clássicos do Barão? Fernando Magalhães sugere “O poeta está vivo”, que tal?, com seu solo de guitarra, um dos mais reconhecíveis de todo o rock nacional. A nova versão de “Meus bons amigos”, puxada pelo violão country-blueseiro de Suri, é de arrepiar! Depois do bloco acústico, o peso do instrumental vem com tudo, em canções como “A solidão te engole vivo” e “Tão longe de tudo”. Para encerrar aos pulos, “Por que a gente é assim?”, avassaladora, com participação de Jade Baraldo (que define a letra como “um expurgo”). Mais uma dose!

No dia 27 chega o que deve ser o bloco mais cultuado pelos fãs hard de Barão Vermelho, aquele dedicado ao blues e baladas.

– O blues é o pai do rock, é o elo de ligação entre a África e a música americana – define Guto.

Mas não qualquer blues, segundo Fernando.

O recorte traz a oportunidade de a banda lembrar músicas como “Guarda essa canção” (Dulce Quental/Frejat), do disco “Carne crua”, de 1994, e o hino “Down em mim”, uma das letras com a assinatura de Cazuza tatuada de forma mais sangrenta: “E as paredes do meu quarto vão assistir comigo/ A versão nova de uma velha história”. Maurício – que comparece com os vocais principais em “Eu não amo ninguém” – confessa que “Down em mim” dá um certo trabalho, na hora de estudar a introdução de piano que ele mesmo compôs aos 18 anos. Suri também comparece com uma composição, a bela e melancólica “Um dia igual ao outro”. A presença de Cazuza é nítida por todo o show, mas na parte do blues ela berra, até em “Amor, meu grande amor”, que não é dele (Angela Ro Ro e Ana Terra), mas é, né?

Como se o público já não cantasse todas as letras o tempo todo, o último EP leva o singelo nome de “Sucessos” e vem para esmigalhar o que restava dos corações roqueiros àquela altura da apresentação (sorte que um episódio vai ao ar por semana, para recondicionamento do músculo cardíaco). Ao cantar “O tempo não para”, Suri apresenta Lucinha Araújo na plateia, “que deu à luz não apenas o Cazuza, mais o pais inteiro”, e a câmera, esperta, pega “a maior mãe-cantora do Brasil”, na definição do filho, amarradona, cantando “Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro…”. Só as mães são felizes. Um dos momentos mais emocionantes da série (mais um?) vem no clássico dos clássicos, sucesso do sucessos, “Pro dia nascer feliz”, com a participação de ninguém menos do que Roberto Frejat –  que ainda menciona que a gravação acontecia no dia do aniversário de Peninha (1950-2016), por décadas brother e percussionista da banda. Quarenta anos de puro êxtase, fúria e folia. Ou, como dizem Guto e Maurício:

– Um dia, na escola, a gente combinou que seria músico.

Bernardo Araujo.

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