Coderp acumula R$ 8,2 milhões de prejuízo em 2019

Em balanço dos últimos dez anos, companhia teve lucro apenas uma vez, em 2013; especialista a considera inviável

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Unidade da Coderp no Centro de Ribeirão Preto - Foto: Divulgação/Sindpd

A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) apresentou, em 2019, prejuízo de R$ 8,2 milhões, com uma dívida total que supera os R$ 111 milhões. A informação consta em balanço oficial publicado no Diário Oficial da cidade nesta quarta-feira (29).

O valor de prejuízo dado pela companhia é quase o mesmo que o seu valor de mercado, que é R$ 8,7 milhões. Isso significa que, se continuar no vermelho, em breve não terá condições de quitar, sem a ajuda da prefeitura, suas contas.
Pelo balanço, a Coderp faturou, em 2019, R$ 33,2 milhões e teve custos de R$ 30,2 milhões sem considerar os impostos. Agregando esses valores, o prejuízo é de R$ 8,2 milhões.

Com o balanço, cresce a possibilidade da extinção da companhia, medida já aventada pelo governo de Duarte Nogueira (PSDB). O presidente da companhia, Aurílio Caiado, já declarou, inclusive, que seu objetivo era tentar salvar a empresa. Para isso, reviu contratos, demitiu funcionários e tentou readequar as contas.

Questionado sobre a viabilidade da companhia, o presidente da Coderp minimizou os resultados. “Esse prejuízo é mais contábil que financeiro. Se for observado os contratos que a companhia tem, com recebimentos mensais, e as despesas ordinárias, as receitas e despesas se equiparam e não há déficit. Mas há dívidas com a Receita Federal, deixadas pelas administrações passadas”, declarou Aurílio.

O secretário informou ainda que irá enviar ao Grupo Thathi uma nota técnica explicando a situação da empresa. A matéria será atualizada com esse conteúdo assim que o mesmo for disponibilizado.

Análise

Para o consultor econômico José Rita Moreira, a situação contábil da empresa é suficiente para determinar a extinção da companhia. “Se analisarmos friamente os números apresentados pela Coderp, enquanto viabilidade de continuidade das operações, eu diria que se caracteriza como inviável. Os problemas da empresa remontam de longa data, onde outrora, além de caracterizar desvio de finalidade, não houve ações efetivas em busca de produtividade, eficácia e resultados”, analisou.

Ainda segundo o especialista, se optar por continuar no mercado, a Coderp precisa ser remodelada “Tenho dúvidas se todo o potencial tecnológico, conferido a Coderp, está sendo usado, pois creio que atividades de rotina não vão agregar valor ao negócio, e tampouco reverter uma situação histórica de prejuízos e comprometimento da continuidade”.

Moreira acredita ainda que, se optar por manter a empresa no mercado, a Prefeitura de Ribeirão Preto, principal acionista da companhia, deve enfrentar dificuldades. “Até onde se sabe, algumas medidas foram tomadas nos últimos anos, porém sem crescimento da receita e manutenção das despesas, inclusive com pessoal, de nada adianta”.

Ele finaliza dizendo que os prejuízos da empresa, se houver a extinção, irão comprometer ainda mais o caixa da prefeitura. “Se o poder público (acionista majoritário) resolve liquidar a empresa, todo o passivo passa a ser de sua responsabilidade. Tecnicamente, uma empresa que tem um passivo quase igual ao patrimônio, deve ser considerada inviável. Talvez a única solução seja um esforço concentrado de cortar na própria carne, reduzir substancialmente as despesas, e trabalhar forte para melhorar a receita, com inovações e criatividade, em alguns anos ela possa reverter o quadro”, analisa.

Outro lado

Em nota oficial, a Coderp informou que o aumento do prejuízo foi causado por uma série de fatores. Entre eles, a demissões de funcionários de departamentos que foram descontinuados por serem deficitários: despesas com pagamento de multas por atraso no pagamento de salários; aumento de despesas gerais administrativas, tais como, manutenções de equipamentos, energia elétrica e despesas financeiras e redução da receita anual, por descontinuidade de alguns contratos

A prefeitura informou ainda que “reduziu o número de empregados de 181, em 31 de dezembro de 2018, para 154, em 31 de dezembro de 2019 e atualmente conta com 146 empregados” e que pegou a empresa “em condição de quase falência” e “Alvo da Operação Sevandija”. “Atualmente a empresa está em meio a um processo de restruturação, com um Plano de Demissão Voluntária Consentida (PDVC) já negociado com o sindicato trabalhista e ainda não implementado, em decorrência da pandemia do Corona Virus e seus efeitos sobre as finanças públicas”.

Apesar do déficit, argumentou ainda que a Coderp “está com suas finanças equilibradas entre receitas e despesas, o que pode ser comprovado pelo resultado financeiro positivo para pronta utilização em 31 de dezembro de 2019 de R$ 552 mil”.